RESUMO: Este trabalho tem como objetivo geral analisar as materialidades de resistência, governo e poder sobre o corpo do sujeito mulher em dezenove vídeos, de cantoras de rap brasileiras, publicados no youtube, no período de 2015 a 2019. Os vídeos foram divididos em três formações, a saber: mulheres cis, mulheres trans e travestis. Para alcançar os resultados, montei seis séries audiovisuais de regularidades discursivas constituídas pelo discurso do corpo das minas e discuti tais séries a partir dos estudos discursivos foucaultianos, tratando as questões de governo, poder, resistência e pertencimento no corpo das minas. Para debater o conceito de intericonicidade utilizo os trabalhos de Courtine (2009; 2013) e Milanez (2015a; 2015b) enriquecendo este estudo teórica e discursivamente. A pesquisa é construída em torno do corpo, a partir das questões: como se constitui a resistência pelo corpo das mulheres do rap? Quem são as minas do rap nesta atualidade? Para quem elas enunciam nos vídeos do youtube? De onde elas enunciam e onde os vídeos são produzidos? Por que neste momento e não em outro? E por que é importante dar visibilidade ao que elas produzem? Para isso, tomei como percurso metodológico os seguintes passos: a) elenquei as regularidades discursivas em cada formação enunciativa e nos modos de o sujeito enunciar a si; b) associei tais regularidades em séries discursivas audiovisuais; c) levantei as condições de possibilidades de emergência dos discursos, com a finalidade de analisar as materialidades discursivas presentes no corpo das minas. Como resultados, apresento ao longo dos três capítulos, as seguintes séries analisadas: séries 1 e 5 – mãos das minas – virilidade e marginalidade, na qual discuto a intericonicidade presente nas mãos das minas, retomando as armas e a marginalidade dos sujeitos infames (FOUCAULT, 2003), excluídos socialmente; série 2 – a feminilidade nas mãos, em que apresento, a partir das materialidades analisadas, como as minas trans buscam atender a um padrão de feminilidade construído pelas instituições rememorando as passarelas e as aulas de etiqueta; série 3 – memória dos cabelos, discuti como os diferentes tipos de cabelos trazem à tona discursos já materializados anteriormente no corpo das mulheres, a exemplo das tranças africanas que retomam o lugar de governo e poder da Medusa, e do penteado meio solto meio preso, no qual materializa-se a sedução de forma contida em coexistência com a virilidade; série 4 – série imagética que coloca a pélvis em evidência, onde discuto o conceito de governo materializado na autonomia das minas sobre seus corpos e sua sexualidade; e por fim, a série 6 – série audiovisual da independência financeira, nos vídeos da rapper Brisa Flow, composta pelas regularidades discursivas do governo de si e da resistência ao controle e à submissão dos corpos que outrora eram vigiados e controlados pelo governo do outro, justamente por não possuírem tal independência. Denomino, então, as séries como a produção vidiática de acontecimentos discursivos que aparecem nos vídeos, isto é, um conjunto histórico e arqueogenealógico de movimentos, que não é necessariamente contínuo, mas onde os sujeitos enunciam regularidades discursivas materializadas nas audiovisualidades.
O DISCURSO DO CORPO DAS MINAS DO RAP: GOVERNO, PERTENCIMENTO E YOUTUBE
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo geral analisar as materialidades de resistência, governo e poder sobre o corpo do sujeito mulher em dezenove vídeos, de cantoras de rap brasileiras, publicados no youtube, no período de 2015 a 2019. Os vídeos foram divididos em três formações, a saber: mulheres cis, mulheres trans e travestis. Para alcançar os resultados, montei seis séries audiovisuais de regularidades discursivas constituídas pelo discurso do corpo das minas e discuti tais séries a partir dos estudos discursivos foucaultianos, tratando as questões de governo, poder, resistência e pertencimento no corpo das minas. Para debater o conceito de intericonicidade utilizo os trabalhos de Courtine (2009; 2013) e Milanez (2015a; 2015b) enriquecendo este estudo teórica e discursivamente. A pesquisa é construída em torno do corpo, a partir das questões: como se constitui a resistência pelo corpo das mulheres do rap? Quem são as minas do rap nesta atualidade? Para quem elas enunciam nos vídeos do youtube? De onde elas enunciam e onde os vídeos são produzidos? Por que neste momento e não em outro? E por que é importante dar visibilidade ao que elas produzem? Para isso, tomei como percurso metodológico os seguintes passos: a) elenquei as regularidades discursivas em cada formação enunciativa e nos modos de o sujeito enunciar a si; b) associei tais regularidades em séries discursivas audiovisuais; c) levantei as condições de possibilidades de emergência dos discursos, com a finalidade de analisar as materialidades discursivas presentes no corpo das minas. Como resultados, apresento ao longo dos três capítulos, as seguintes séries analisadas: séries 1 e 5 – mãos das minas – virilidade e marginalidade, na qual discuto a intericonicidade presente nas mãos das minas, retomando as armas e a marginalidade dos sujeitos infames (FOUCAULT, 2003), excluídos socialmente; série 2 – a feminilidade nas mãos, em que apresento, a partir das materialidades analisadas, como as minas trans buscam atender a um padrão de feminilidade construído pelas instituições rememorando as passarelas e as aulas de etiqueta; série 3 – memória dos cabelos, discuti como os diferentes tipos de cabelos trazem à tona discursos já materializados anteriormente no corpo das mulheres, a exemplo das tranças africanas que retomam o lugar de governo e poder da Medusa, e do penteado meio solto meio preso, no qual materializa-se a sedução de forma contida em coexistência com a virilidade; série 4 – série imagética que coloca a pélvis em evidência, onde discuto o conceito de governo materializado na autonomia das minas sobre seus corpos e sua sexualidade; e por fim, a série 6 – série audiovisual da independência financeira, nos vídeos da rapper Brisa Flow, composta pelas regularidades discursivas do governo de si e da resistência ao controle e à submissão dos corpos que outrora eram vigiados e controlados pelo governo do outro, justamente por não possuírem tal independência. Denomino, então, as séries como a produção vidiática de acontecimentos discursivos que aparecem nos vídeos, isto é, um conjunto histórico e arqueogenealógico de movimentos, que não é necessariamente contínuo, mas onde os sujeitos enunciam regularidades discursivas materializadas nas audiovisualidades.
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